quinta-feira, 3 de maio de 2012

ATÉ QUANDO SEREMOS IGUETOS?

Como partilhei na postagem anterior, na noite do dia 21 de abril, tive a graça de participar, junto com o meu Grupo Teatral Apoteose, de uma apresentação evangelizadora no encontro Revolução Jesus. Antes de entramos em cena fomos agraciados com a apresentação do nosso querido Trio Sorriso, formado por jovens da minha querida Paróquia do Divino Espírito Santo. Em dado momento do louvor evangelizador, ao som contagiante do forró, os vocalistas começaram a pedir aos presentes que dissesem em voz alta os nomes dos seus respectivos grupos e movimentos. Espantosamente, quando um grupo de jovens animadas gritaram o nome do movimento Segue-Me, outra jovem, em tom nitidamente de irritação, grita ainda mais alto: "Segue-Me, p... nenhuma! O negócio é E.J.C., causando espanto e constragimento àquelas jovens do outro movimento encontro. Um fato lamentável que, graças ao nosso Deus, não foi ouvido pela maioria, devido ao som alto. Mas, que mostra claramente como ainda não somos Igrejas.

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É uma triste realidade! Muitas pessoas estão na Igreja, mas ainda não são Igreja. Mesmo já tendo lido e ouvido milhares de vezes alguém pregando I Coríntios 12, infelizmente, muitos de nós ainda ainda não vivem esta realidade tão bem exposta por Deus, através de São Paulo.

A verdade é que a maioria de nós somos Iguetos, definição bem feita pelo Frei José Firmino Neto, Pároco da Paróquia São Sebastião, em Ibateguara. Para a maioria, "A Igreja é apenas o meu grupo, o meu movimento, a minha pastoral." "Unidade? Só com os membros do meu grupinho. E olhe lá, porque tem aqueles que eu me dou bem e aqueles que não vou com a cara." "Festa do Padroeiro? Só participo na noite que o meu grupo esteja responsável pela liturgia e pela festa externa." "Trabalhar juntos? Não é necessário. O meu grupo é o melhor, logo não podemos nos misturar. Cada um no seu quadrado." Particularmente me revolto e até saio do sério com atitudes assim, vindas principalmente de coordenadores, de líderes, que são referenciais para muitos.

Poxa, o Espírito Santo não está apenas no meu grupo, na minha Pastoral, no meu Movimento, na minha Paróquia. O catecismo da nossa Igreja nos ensina claramente que todos nós recebemos o Espírito Santo desde do nosso batismo. O mesmo Espírito Santo está em todos para o bem comum, conforme São Paulo nos ensina na já mencionada passagem da Carta aos Coríntios. Até quando vamos viver este pseudo-catolicismo, onde valorizamos apenas o nosso grupinho e desprezamos os demais grupos da Igreja? Quando aceitaremos que não somos únicos na Igreja, mas somos membros dEla, todos importantes e valiosos, e que e junto com os demais, cada um com seus dons e carismas específicos, formamos o Corpo Místico de Cristo? Cadê o respeito e o amor pelo próximo e pela Igreja? É difícil entender que ninguém é obrigado a rezar e agir igual a mim? A ter o mesmo dom e carisma que eu tenho?



Vejo o esforço de muitos, Bispos, padres, religiosos e leigos, a viver esta Unidade. O Conselho de Leigos, o Setor Juventude e a nossa PJ nas Paróquias e Áreas/Setores da nossa Arquidiocese são bons exemplos desta tentativa esforçada de sermos Igreja. E que esforço!!! Digo por experiência própria, já que participo de todas estas iniciativas e brigo constantemente por esta Unidade chamada Igreja. Eu e minha equipe fazemos a nossa parte para conscientizar e sermos verdadeiramente Igreja, mas nem todos fazem o mesmo. Evidente que ocorreram muitos avanços, em ambas as organizações citadas acimas, para vivermos a Unidade. Mas percebo que ainda muitos participam destas organizações apenas para marcar presença e ainda vivem nas suas ilhas.



Com raríssismas exceções, a contribuição de cada membro ainda é tímida e continua a falta de cooperação, dedicação, compromisso e seriedade por parte da maioria. Isoladamente, nas suas ilhas, nas coisas que interesam aos seus respectivos grupos, pastorais e movimentos, são exemplos de eficiência, dedicação, serviço e amor ao que faz. Nos Conselho de Leigos, Setor Juventude e PJ Paroquiais e Áreas/Setores ficam na deles, não se oferecem para ajudar para não revelar aos demais o segredo da eficiência dos seus grupinhos perfeitos, não se esforçam para, com seus dons e carismas específicos, servirem com amor e alegria, dando sua valiosa contribuição para o crescimento da evangelização da nossa Igreja. Quando há atividades a serem desempenhadas em conjunto, misericórdia, parece um sacrifício supremo, algo difícil, quase impossível de ser superado e realizado. Atitudes perigossísimas já que através delas surgiram os grandes cismas do Oriente e a reforma protestante no Ocidente, e que hoje surgem várias "igrejas", tornando-se um verdadeiro supermercado da fé. O encardido age na divisão e não na unidade. Estamos sendo instrumentos dele ou de Deus?




De fato, um dos maiores desafios de sermos verdadeiramente católicos é superar o individualismo. Cristianismo é religião COMUNITÁRIA e não INDIVIDUAL. Como avançaremos no Ecumenismo e no diálogo inter-religioso, se dentro da própria Igreja não vivemos a Unidade, o respeito, o diálogo???




A verdade que precisa ser conhecida, assumida e vivida por todos nós, sem exceção, é: O Espírito Santo age na Igreja e inspirou e criou cada grupo, pastoral, movimento e serviço da nossa Igreja. Como disse certa vez Pe. Zezinho: "Se você acha que o Espírito Santo só age no seu grupinho, eu tenho uma novidade para contar: o sol não brilha somente na sua casa."




Achar que só o nosso grupinho é eficiente, é o melhor, o único inspirado pelo Espírito Santo, é dizer que Ele não fez um bom trabalho na Sua Igreja. Se você pensa assim, cuidado! Porque Jesus mesmo nos ensina que o único pecado que não tem perdão é aquele cometido contra o Espírito Santo. Para mim pensar e agir assim é uma ofensa gravíssima ao Espírito Santo.




Rick Pinheiro.
Teologo, professsor de Ensino Religioso, Filosofia e Sociologia, catequista crismal e membro do Grupo Teatral Apoteose da Paróquia do Divino Espírito Santo da Arquidiocese de Maceió.


* = A partir deste trecho, retirado da postagem publicada originalmente em 27 de Maio de 2010.

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