sexta-feira, 15 de junho de 2012

O CRISTÃO E O ÁLCOOL.*

Mais um final de semana chegando e as festas juninas pipocando por todo país, sobretudo no nordeste. E hoje em dia, onde tiver, obrigatoriamente tem que ter bebida alcoólica, seja numa simples cervejinha, seja nas variedades de drinks ofertados. Uma grande polêmica dentro das igrejas cristãs é se o cristão, seja de qual denominação religiosa, deve ingerir este tipo de bebidas. Este assunto, infelizmente, está longe da unidade, já que dentro da mesma igreja existem os grupos que são a favor e outros do contra. Muitas vezes este assunto não é debatido dentro das igrejas com a profundidade merecida. O que vemos é um relativismo em torno do tema. Enquanto àqueles que são de acordo a bebida se baseiam errôneamente nas passagens evangélicas das Bodas de Caná e da Instituição da Eucaristia, os que pensam contrário limitam-se ao velho discurso vazio que a bebida é coisa do diabo. Mas, afinal, o cristão deve ou não consumir bebida alcoólica?

Particularmente, tenho a seguinte opinião: primeiramente, acho que nenhuma igreja cristã deve estimular o consumo de bebida álcoolica. É inadmíssivel uma festa de Padroeiro, por exemplo, ter patrocínio de fabricantes deste tipo de bebidas e que sejam vendidas na festa. Festas religiosas têm o objetivo de unir as pessoas a Deus e entre elas, e sabemos muito bem que nem todo mundo sabe beber moderadamente. Sem falar que muitas pessoas buscam uma Igreja para pedir a Deus a cura de um ente querido dependente do álcool, e temos que admitir que uma festa religiosa onde a bebida é comercializada até mesmo pelos membros engajados da Igreja, só vai confundi a cabeça daquela pessoa que precisa da graça da cura do ente dependente da bebida.

Por outro lado acredito que numa eventual saída com os amigos, para aqueles que nunca tiveram problema de dependência com o álcool ou qualquer outra droga, e não têm histórico familiar, uma cervejinha, ingerida moderadamente não vai faz mal nenhum. Existem algumas bebidas álcoolicas, como no caso do vinho, que até mesmo é recomendada pela medicina, já que, segundo os especialistas, um taça diariamente, faz bem para o coração.

O problema do álcool que como toda droga, corre o risco de tornar a pessoa dependente. Uma coisa é você sair com os seus amigos, tomar uma cervejinha e parar conscientemente no momento exato, e, se for dirigir, não custa nada passar a chave do carro para àquele que membro da turma que não bebe ou, caso não tenha, pegar um táxi ou dormir no lugar que se encontrar. Outra coisa é tomar todas, se embriagar, e ainda por cima, inventar de dirigir. E tudo isso só piora se a pessoa tornar isso um hábito. Conheço membros atuantes da Igreja, que são servos bons e fiéis do Senhor, mas que nos envergonham e escandalizam, quando vão a uma festa ou show, e se embriagam. Nosso Senhor mesmo nos alerta, que aí de nós se fomos motivos de queda e escandalo para os nossos irmãos. Isso é um absurdo inadmissível, pois o que pregamos e acreditamos, devem vim acompanhados do nosso testemunho vivo autêntico.

Tenho um grande amigo e irmão em Cristo que certo dia, devido a não poder ingerir álcool por causa de uns medicamentos que estava tomando, saiu comigo e outros amigos para curtir os embalos de sábado à noite, mas, estava todo triste e cabisbaixo, porque, segundo ele, "sem beber, não tinha graça!". Uma coisa que nós cristãos precisamos ter em mente: não precisamos de bebida, droga, qualquer outro estimulante deste mundo para nos divertimos. Temos o Espírito Santo em nós, desde do nosso batismo. Acredito sem pestanejar que o cristão sabe entrar e sair dos lugares que frequento, sem deixar de ser o que é. Se vai a uma festa e quer beber, beba. Mas não para se animar, muito menos para se embriagar, mas por livre escolha consciente.

Precisamos sempre ter em mente as palavras de São Paulo: "Tudo posso, mas nem tudo me convém". Como cristão, posso sim, por exemplo, tomar eventualmente uma cervejinha com meus amigos. Mas será que convém a mim, estimular outros irmãos a beberem? Convém a mim me embriagar, sair dos lugares de forma vexatória, causando vergonha e embaraço aos irmãos, machando o nome da Igreja de Cristo, afinal, eu sou membro dela? Convém a mim, como cristão católico batizado, ser irresponsável, a ponto de após encher a cara, pegar o meu carro e sair dirigindo por aí, arriscando a minha vida e  de outros que nada tem a ver com a minha estupidez? Será que eu conheço os meus limites, quando a minha mente e meu corpo suportam o álcool? Estas são algumas pergunta que todo cristão deve se fazer sempre, principalmente, se de fato, vale a pena beber.

Em todos os momentos de nossa vida, devemos refletir profundamente, rezar, pedir discernimento a Deus e, depois de ouvir a voz de Deus. No caso de ingerir ou não bebida alcoólicas, devemos reconhecer  quem de fato somos e das nossas limitações, optar em beber modera e eventualmente, ou se abster em definitivo do álcool, e, acima de tudo, sermos responsáveis.

Rick Pinheiro.
Teólogo, professor de Ensino Religioso, Filosofia e Sociologia, bacharel em Direito,  catequista crismal e membro do Grupo Teatral Apoteose da Paróquia do Divino Espírito Santo da Arquidiocese de Maceió.

* = Publicado originalmente em 06/01/11.

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