Partilha Missionária
A alegria em servir através da arte do teatro.
Deus ama a cada um dos Seus filhos. Por mais imperfeitos que sejamos Ele nos envia o Seu Espírito Santo, através do nosso batismo, para da nossa imperfeição e limitação, nos moldar e despertar o perfeito. As artes, sem dúvida, são um dom de Deus. Em sua carta aos artistas, o saudoso Beato João Paulo II, afirma que “Nem todos são chamados a ser artistas, no sentido específico do termo. Mas, segundo a expressão do Génesis, todo o homem recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima”.
Posso dizer que muito cedo Deus despertou em mim o dom da arte da interpretação. Quando criança, eu e Ricardo, um ex-vizinho meu, assistíamos os sitcom enlatados exibidos nos finais de tarde, ensaiávamos, ou melhor, achávamos que ensaiávamos, e a noite, cobrávamos das outras crianças um ingresso, que atualizado aos valores de hoje, seria R$ 1,00, para nos ver encenar as mesmas situações que os personagens dos seriados Primo Cruzado e Super Vicky se envolveram horas antes na telinha da TV. Longe de ser uma desonestidade, já que crescemos num ano em que as crianças eram mais ingênuas e, porque não dizer, mais puras e felizes. Na época em que junto com meu colega de cena, torrávamos o “cachê” chupando Flau e comendo a deliciosa e inigualável batata frita da Tereza, não imaginava que Deus estava me moldando, para hoje, mesmo sendo um canastrão, me pagar com o maior cachê, que qualquer artista, no fundo do seu coração deseja.
O tempo passa... E rapidamente, diga-se de passagem. Crescemos e cada um tomou o seu rumo. A última notícia que tive do “ator-mirim” Ricardo, foi a mais de uma década, que tinha casado e tentava seguir a carreira militar. Quanto a mim, Deus me chamou a aprimorar e usar os dons que Ele me deu para servi-lo em Sua Igreja. Foi através da arte do teatro que Ele me chamou para a Sua Igreja. Lembro-me como hoje, como veio o chamado.
Em novembro de 1993, fui com um amigo meu, o hoje radialista Rodrigo Veridiano, na Igreja do Divino Espírito Santo, para buscar sua namorada e a prima dela, que estavam na Missa, para logo após, irmos à matinê de uma boate no Stella Mares. Chegamos ao final da Missa, onde o hoje extinto grupo de jovens Divino Espírito Santo, apresentava uma belíssima peça. Apesar de ficar animado e inclinado a tentar descobrir o que tinha de fazer para fazer o mesmo que aqueles outros jovens, acabei deixando apagar a chama inicial. Mas, Deus não desiste de nós. E mais uma vez, Ele iria utilizar a arte cênica para me atrair para Sua messe.
Era tarde de 01 de janeiro de 1994. Estava deitado na calçada de casa, de bobeira, naquele tédio típico de pós noite de farra, quando passa Risolene. Perguntei para onde ela ia, e disse que iria para a Igreja. Evidente que achei aquilo absurdo, afinal, era um feriado, o primeiro do ano, e aquele povo inventava de fazer reunião. Mas, através dela veio o chamado de Deus. Ela simplesmente, disse: “Bora!”. Como estava de bobeira e querendo impressionar a gatinha, fui à reunião do saudoso grupo Mensageiros da Paz. Tudo aquilo era um tédio estava para mim. “O que eu não faço para impressionar uma gatinha!”, pensava durante toda reunião.
Até que na hora dos avisos, o coordenador Lucas, que até hoje nos encontramos, comunicou que o pároco da época, meu amigo, Cônego Júnior, tinha dado ao grupo a missão de fazer uma peça sobre a Campanha da Fraternidade. Justamente o grupo jovem que nunca tinha feito encenações e não tinha ninguém que escrevesse peça. Animei-me e chamei a responsabilidade para mim. Na semana seguinte levei um longo texto que mais parecia uma novela. O coordenador pediu para diminui-lo drasticamente. O drama familiar de mais de cinquenta páginas, tornou-se uma comédia de três páginas.
Daquele dia em diante, me engajei na Messe. Fundei com amigos dois grupos de teatro, em minha Paróquia, Unidos em Cristo e Grupo Teatral Evangelizador Cristo Rei, escrevi e encenei inúmeras peças, até “me aposentar” quando assumir a coordenação da PJ Arquidiocesana. Tinha certeza que nunca mais iria voltar a interpretar. Mas, a Palavra de Deus mesmo nos ensina que “Há muitos planos no coração do homem, mas é a vontade de Deus que se realiza.” (Prov 19, 21). E em outubro do ano passado, após uma reunião da PJ Arquidiocesana realizada na matriz da minha Paróquia Divino Espírito Santo, conheço e me engajo no novo grupo de teatro da Paróquia, o Grupo Teatral Apoteose.
E que galera especial, Deus colocou em minha vida! Muitos talentosos e criativos, estou aprendendo muito com cada um, como se eu estivesse naquele 01 de janeiro do ano de 94. Fiz novos amigos, irmãos e irmãs de caminhada, fui até presenteado com dois futuros afilhados de Crisma. Uma nova família que formei, não esquecendo é claro, das outras que eu fiz, até agora na minha caminhada, em especial, dos saudosos grupos de teatro que participei.
No último domingo, fiz mais uma apresentação com esse abençoado e tão dedicado grupo. Desta vez, pesou um pouco, já que fui escalado pela primeira vez, no Apoteose, para protagonizar uma apresentação. E a responsabilidade só aumenta, já que a apresentação seria no encerramento do ERUR-NE - Encontro Regional das Universidades Renovadas, no Ginásio Poliesportivo da UFAL. Mas, que graças a Deus, e o elenco de excelentes atores e atrizes de Cristo, a responsabilidade tornou-se leve, divertida e muito prazerosa.
Louvo e agradeço a Deus, por neste estágio da minha caminhada, me chamar de novo a evangelizar através do teatro. Rogo para que Ele proporcione a outros irmãos e irmãs de caminhada, as mesmas experiências inesquecíveis que eu tenho, utilizando os dons que Ele nos concede em prol da evangelização.
Rick Pinheiro.
Feliz e agradecido a Deus por servir, através da arte do teatro, ao lado de pessoas tão especiais.
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